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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

COMO A SOCIEDADE ALAGOINHENSE VÊ O POBRE E O LOUCO?

Professora Dra. Maria de Fátima Berenice da Cruz

Em plena era da informação, construir conhecimento no âmbito da universidade se tornou um gigantesco desafio. Frente a esta situação, foi proposto aos alunos do 2º semestre do curso de Psicologia da Faculdade Santíssimo Sacramento o estudo da obra História da loucura na idade clássica (1961, 551 p.) de Michel Foucault, orientado pela professora Dra. Maria de Fátima Berenice da Cruz, com um intuito de maior aprofundamento sobre o cerne do curso que eles abraçaram. De início travamos uma luta intelectual, cujo intento era desbravar o pensamento amortecido do sujeito leitor e posteriormente fazê-lo reagir criticamente sobre a sua situação na contemporaneidade. No decorrer do estudo uma questão passou a ser o fulcro de sustentação da investigação: como a sociedade alagoinhense vê o pobre e o louco? Para responder a questão oito equipes de trabalho elaboraram práticas de campo, onde puderam experimentar e constatar in loco os conceitos teóricos debatidos na sala de aula.
Os discentes promoveram mesas de comunicações tendo como palestrantes, ao mesmo tempo, psiquiatra, psicólogos e usuários do CAPS - Alagoinhas; fizeram visitas técnicas ao Hospital Especializado Lopes Rodrigues - HELR, para onde levaram o trabalho da F.SS.S em formato de palestras e finalizando as atividades fizeram performances de rua na cidade de Alagoinhas, através do método da Escola de Chicago, isto é, colocaram-se na condição de mendigos e loucos.
A experiência vivenciada pelos estudantes de Psicologia na cidade de Alagoinhas deu-lhes condição de experimentarem no corpo a reação dos transeuntes das praças frente ao indivíduo excluído sócio-historicamente. A intenção primaz da atividade era diagnosticar qualquer resquício na contemporaneidade do medo que assolou os séculos XVII e XVIII, discutidos por Foucault na obra estudada.
Após diagnóstico de campo, as equipes de trabalho puderam concluir que apesar do século XXI promover o discurso inclusivo, o medo e o preconceito ainda imperam na sociedade. Temos medo da implicação com o fato social, temos medo da dor, da feíura, do desequilíbrio e da morte. Dessa forma, nos escondemos atrás das grades, das redes sociais de comunicação e de todos os paliativos que nos dê a condição de turistas terrenos e não de peregrinos terrenos. Partindo do diagnóstico supracitado, finalizamos o trabalho promovendo uma passeata no dia 18/11 com os alunos do curso de Psicologia, juntamente com os usuário do CAPS - Alagoinhas. A passeata revelou a necessidade que os usuários do CAPS têm da sua aceitação e inserção no contexto social alagoinhense através de opostunidades que possamos lhes oferecer.
Enfim, o mérito do trabalho reside no encontro entre psicólogo em formação e a cidade na qual ele atuará. Dessa forma, agradecemos a todos os alunos e alunas que participaram brilhantemente do trabalho e agradecemos também as instituições que colaboraram para as atividades transcorressem de forma organizada, tais como: Polícia Militar, SMTT, Corpo Administrativo da F.SS.S, Dirigentes do CAPS, Coordenador do curso Moacir Lira, Jornal Gazeta dos Municípios e todo o povo alagoinhense que vivenciou as atividades conosco.

Professora Dra. Maria de Fátima Berenice da Cruz
UNEB / FSSS


Reportagem publicada no Jornal Gazeta dos Municípios
Alagoinhas (BA), 30 de novembro de 2010.

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